Por MÁRCIO ANDRADE*
"As impressões que tive do primeiro ensaio aberto de “O Mistério das Figuras de Barro”,
protagonizado por Sebastião Simão Filho, Juliana Nardin e João Guilherme de Paula,
resumem-se ao tentar: tentar superar-se com uma proposta estética distinta do
que estamos acostumados a ver, trazer um novo olhar para um texto antigo. Ver
aquela boneca gigante que parece manipular os pequenos seres humanos que, por
sua vez, manipulam outros seres menores ainda – que se assemelham às figuras de
barro do título - não deixa de trazer certa sensação de antropofagia, de um ourobouros perpétuo em que todos somos,
ao mesmo tempo, presas e predadores da realidade. Na performance do trio de atores
e manipuladores, vê-se certo desequilíbrio entre o ‘se esconder’ e ‘se expor’,
quando os rostos dos atores, por vezes, chamam mais atenção do que os próprio
bonecos, talvez em uma tentativa nossa como público de encontrar a humanidade
daqueles seres inanimados. O que fica como sugestão ao grupo é escolher o que
se quer como experiência estética: esconder ou expor seus atores, tornar ou não
seus bonecos mais vivos etc. Mas digo que admiro muito a ousadia e o resultado
que estes três alcançaram em sua jornada de atores e suas tentativas de se
superar."
* Márcio Andrade é Mestre em Educação Tecnológica pelo PPGEDUMATEC e Graduado em Comunicação Social - Radialismo e Televisão, ambos pela UFPE. Atualmente, exerce função de Roteirista Audiovisual no Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP), no Centro Tecnológico de Cultura Digital (CTCD).
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